segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Fora de série - Outliers

Como forma de organizar melhor as ideias, propósito principal do blog, escreverei sobre os livros que tenho lido. Com isso posso não só fazer um certo resumo para mim mesmo do que li, mas também deixar minha opinião e minha interpretação do livro lido e quem sabe incentivar alguém a lê-lo.

O último livro que li é entitulado "Fora de Série (Outliers)", de Malcom Gladwell. Gladwell é um jornalista inglês, autor de 4 best sellers e escritor do The New Yorker, nos EUA. Esse livro é o terceiro dos quatro escritos por ele e não sei por que resolvi lê-lo antes dos outros: The Tipping Point(2000), Blink(2005), Outliers(2008) e What the dog saw(2009). Fato é que já comprei "The Tipping Point", O ponto da virada, da editora Sextante (acho que R$19,90).

Em Outliers, Gladwell questiona se o sucesso depende somente de nossos esforços, se é fruto puro do nosso mérito e de nossa dedicação, ou se depende também de fatores que não podemos controlar, tais como o mês em que nascemos, o ano que nascemos, nossa nacionalidade, sorte, etc.

O autor começa citando com o exemplo de uma cidade dos EUA, formada por imigrantes italianos que tinham indicadores de saúde acima da média e sem nenhuma explicação para isso. Malcom cita que alguns pesquisadores, intrigados com tais índices, foram pesquisar a cidade de Roseto e concluíram que a saúde das pessoas estavam relacionadas a fatores comunitários, como parar para conversar na rua, diferentes gerações de famílias vivendo na mesma casa, entre outros fatores bastante controversos. Com esse capítulo Gladwell já exemplifica o que está por vir, dados bastante questionáveis mas que, aparentemente, são reais e fazem bastante sentido,  além de nos pôr para pensar sobre os casos tratados no livro.

Existiria alguma correlação entre data de nascimento e a capacidade de se tornar um jogador de hóquei?

Para Malcom Gladwell, sim. Segundo dados mostrados no livro, uma criança nascida no início do ano tem mais chances de se dar bem em esportes nos quais a divisão das categorias é feita por ano, como no caso do futebol aqui no Brasil. Ponto bastante controverso, mas que faz muito sentido. Uma criança de 7 anos nascida em 1 de janeiro joga futebol ou hóquei ou vôlei ou etc com uma criança nascida no mesmo ano que ele, mas em 31 de dezembro. A primeira criança é um ano mais desenvolvida motora, fisica, intelectual, emocional e etceteramente do que a segunda. Isso influencia? Segundo o livro, cerca de 70% dos jogadores da seleção do Canadá de hóquei são nascidos na primeira metade do ano.

Não nessa ordem, o autor também fala de legado cultural. Nesse ponto Gladwell exemplifica com a história de advogados judeus que não conseguiam emprego no início do século 20 e se submetiam a trabalhos que os renomados escritórios não aceitavam fazer. Depois da crise de 1929 e algumas mudanças, esses advogados judeus se viram trabalhando com atividades que bastante lucrativas, devido ao fortalecimento do mercado financeiro e do sistema capitalista. Além disso, Malcom cita os plantadores de arroz chineses, que trabalham duro durante praticamente todo o ano e que vivem numa cultura que valoriza o esforço. Associado a isso o autor atribui o fato de os asiáticos se darem bem em matemática. (inclusive o autor cita algo bastante interessante sobre a língua japonesa e a forma de dizer os números, leia!)

Ainda na parte que fala do legado cultural, Gladwell faz uma comparação associando o alto índice de acidentes aéreos e um índice de distância do poder, que está relacionado ao respeito à hierarquia. Evidentemente, grande IDP, segundo Gladwell, resulta em uma maior probabilidade de acidentes.

Por fim, na primeira parte do livro, a mesma que falava da seleção canadense de hóquei, Malcom Gladwell cita o número de 10.000 horas como o número de horas mínimo para que se pratique algo e se torne excelente nessa atividade. Como exemplos o autor cita os Beatles, que tocaram por cerca de 10.000 horas em Hamburgo, antes de alcançarem grande sucesso com seu álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. Além disso, o Bill Gates também é citado como alguém que praticou 10.000 horas antes de se tornar o bilionário dono da Microsoft.

A falta de ordem cronológica no texto no que se refere à ordem de aparecimento no livro é proposital, uma vez que o ponto mais famoso do livro é o citado logo acima: as 10.000 horas de prática que levam à perfeição. Entretanto, é um grande erro que se pense que essa parte do livro é a mais importante ou interessante. Com um livro bastante controverso, Gladwell nos faz pensar a respeito de coisas que dificilmente pensaríamos sozinhos.






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