segunda-feira, 4 de março de 2013

Start with why - Simon Sinek

O mês de fevereiro foi bem menos intenso na leitura, mas intenso na audição de um livro. Isso mesmo, o audiobook "Start with why"de Simon Sinek foi a "leitura" do mês de fevereiro.

Nesse livro, o autor "fala" de liderança, tema tão em voga e tão clichê atualmente. Entretanto, Simon trata essa característica de uma forma diferente. Ele diz que bons líderes inspiram ação porque conseguem transmitir claramente seu "porquê".

Com exemplos que variam de Steve Jobs a Sam Walton (Walmart), o livro trata de casos nos quais os "whys" das empresas foram responsáveis pelo sucesso e/ou pelo fracasso das mesmas, quando do esquecimento da essência da empresa. A Apple é a empresa mais citada no livro, pois, segundo o autor, ela é uma empresa que tem uma grande clareza em seu porque.

Segundo Simon, o porque de uma empresa não é lucrar, pois isso é apenas um resultado. O porque seria o motivo, a causa, a crença, o porque de a empresa existir, isto é: porque o dono da empresa levanta da cama todo dia e porque os clientes deveriam se importar em comprar seus produtos.

No livro, Simon Sinek cita também o que ele chama de Golden Circle, que consiste em três círculos concêntricos. No mais externo está o "O que", no do meio está o "Como" e no mais interno está o "Porque".

A partir do Golden Circle, Sinek exemplifica o que seria uma abordagem tradicional, na qual se inicia da parte externa para a parte interna do círculo. O autor cita como exemplo a Dell, empresa que, segundo Simon Sinek, preocupa-se mais com o "o que" (computadores) do que com o "porque". Segundo o autor, uma abordagem da Dell seria algo do tipo: "Fazemos ótimos computadores, eles são bonitos e fáceis de usar: quer comprar um?". Já a Apple, segundo Sinek, faria uma abordagem da seguinte forma: "Tudo o que fazemos nos acreditamos em desafiar o senso comum, acreditamos em pensar diferente. O jeito que temos para desafiar o senso comum, é fazendo computadores bonitos e fáceis de usar. Com isso, acabamos fazendo ótimos computadores. Quer comprar um?"

Como se nota, começa-se pelo "porque", depois "como" e por fim "o que". "Start with why"

No livro, Simon Sinek cita outros exemplos de empresas que fazem uma abordagem comercial iniciando pelo "porque" e, definitivamente, se mostram mais convincentes do que aquelas que começam pelo "o que".

Em "Start with why", o autor cita por várias vezes a seguinte máxima: AS PESSOAS COMPRAM O PORQUE VOCÊ FAZ E NÃO O QUE VOCÊ FAZ. Simon Sinek enumera ainda produtos que tinham um imenso potencial para alcançar sucesso, mas não alcançam porque não conseguem articular claramente o seu porque, como o TiVo, as televisões de tela plana da Gateway, os MP3s da Dell, entre outros.

Contudo, Simon Sinek não é um idealista que acredita que somente ter uma boa intenção ou uma causa claramente definida é o suficiente para o sucesso. Segundo ele, aqueles que sabem "porque", precisam daqueles que sabem "como". Exemplos dados no livro são as famosas duplas: Bill Gates e Steve Balmer, além de Steve Jobs e Steve Wozniak. Onde os primeiros representam o "porque" e os segundos sabem "como".

Por fim, a discussão a respeito do "porque" resulta numa discussão um pouco mais profunda. Qual é o seu "why"? Qual é o seu "porque"? A partir da própria experiência, Simon Sinek pondera a importância de se encontrar o "porque" de cada um. O que move cada um, o que faz com que as pessoas levantem da cama todo dia.

Dessa forma, o livro de Simon Sinek é uma excelente leitura (ou audição) para aqueles que se interessam pelo tema liderança.

Clique aqui para ver a palestra de Simon Sinek no Ted.com, que serve como um "trailer" do livro.




segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Fora de série - Outliers

Como forma de organizar melhor as ideias, propósito principal do blog, escreverei sobre os livros que tenho lido. Com isso posso não só fazer um certo resumo para mim mesmo do que li, mas também deixar minha opinião e minha interpretação do livro lido e quem sabe incentivar alguém a lê-lo.

O último livro que li é entitulado "Fora de Série (Outliers)", de Malcom Gladwell. Gladwell é um jornalista inglês, autor de 4 best sellers e escritor do The New Yorker, nos EUA. Esse livro é o terceiro dos quatro escritos por ele e não sei por que resolvi lê-lo antes dos outros: The Tipping Point(2000), Blink(2005), Outliers(2008) e What the dog saw(2009). Fato é que já comprei "The Tipping Point", O ponto da virada, da editora Sextante (acho que R$19,90).

Em Outliers, Gladwell questiona se o sucesso depende somente de nossos esforços, se é fruto puro do nosso mérito e de nossa dedicação, ou se depende também de fatores que não podemos controlar, tais como o mês em que nascemos, o ano que nascemos, nossa nacionalidade, sorte, etc.

O autor começa citando com o exemplo de uma cidade dos EUA, formada por imigrantes italianos que tinham indicadores de saúde acima da média e sem nenhuma explicação para isso. Malcom cita que alguns pesquisadores, intrigados com tais índices, foram pesquisar a cidade de Roseto e concluíram que a saúde das pessoas estavam relacionadas a fatores comunitários, como parar para conversar na rua, diferentes gerações de famílias vivendo na mesma casa, entre outros fatores bastante controversos. Com esse capítulo Gladwell já exemplifica o que está por vir, dados bastante questionáveis mas que, aparentemente, são reais e fazem bastante sentido,  além de nos pôr para pensar sobre os casos tratados no livro.

Existiria alguma correlação entre data de nascimento e a capacidade de se tornar um jogador de hóquei?

Para Malcom Gladwell, sim. Segundo dados mostrados no livro, uma criança nascida no início do ano tem mais chances de se dar bem em esportes nos quais a divisão das categorias é feita por ano, como no caso do futebol aqui no Brasil. Ponto bastante controverso, mas que faz muito sentido. Uma criança de 7 anos nascida em 1 de janeiro joga futebol ou hóquei ou vôlei ou etc com uma criança nascida no mesmo ano que ele, mas em 31 de dezembro. A primeira criança é um ano mais desenvolvida motora, fisica, intelectual, emocional e etceteramente do que a segunda. Isso influencia? Segundo o livro, cerca de 70% dos jogadores da seleção do Canadá de hóquei são nascidos na primeira metade do ano.

Não nessa ordem, o autor também fala de legado cultural. Nesse ponto Gladwell exemplifica com a história de advogados judeus que não conseguiam emprego no início do século 20 e se submetiam a trabalhos que os renomados escritórios não aceitavam fazer. Depois da crise de 1929 e algumas mudanças, esses advogados judeus se viram trabalhando com atividades que bastante lucrativas, devido ao fortalecimento do mercado financeiro e do sistema capitalista. Além disso, Malcom cita os plantadores de arroz chineses, que trabalham duro durante praticamente todo o ano e que vivem numa cultura que valoriza o esforço. Associado a isso o autor atribui o fato de os asiáticos se darem bem em matemática. (inclusive o autor cita algo bastante interessante sobre a língua japonesa e a forma de dizer os números, leia!)

Ainda na parte que fala do legado cultural, Gladwell faz uma comparação associando o alto índice de acidentes aéreos e um índice de distância do poder, que está relacionado ao respeito à hierarquia. Evidentemente, grande IDP, segundo Gladwell, resulta em uma maior probabilidade de acidentes.

Por fim, na primeira parte do livro, a mesma que falava da seleção canadense de hóquei, Malcom Gladwell cita o número de 10.000 horas como o número de horas mínimo para que se pratique algo e se torne excelente nessa atividade. Como exemplos o autor cita os Beatles, que tocaram por cerca de 10.000 horas em Hamburgo, antes de alcançarem grande sucesso com seu álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. Além disso, o Bill Gates também é citado como alguém que praticou 10.000 horas antes de se tornar o bilionário dono da Microsoft.

A falta de ordem cronológica no texto no que se refere à ordem de aparecimento no livro é proposital, uma vez que o ponto mais famoso do livro é o citado logo acima: as 10.000 horas de prática que levam à perfeição. Entretanto, é um grande erro que se pense que essa parte do livro é a mais importante ou interessante. Com um livro bastante controverso, Gladwell nos faz pensar a respeito de coisas que dificilmente pensaríamos sozinhos.